Oi gente.
Estava relendo minhas postagens de antes do positivo.
Confesso que fiquei até emocionada com minhas esperanças, meus
medos e minhas inseguranças.
Mas um post me chamou a atenção: FIV X RELACIONAMENTO.
Bom vamos do começo...
Há muito tempo atrás... mais ou menos uns 6 anos, nosso
relacionamento se iniciou meio torto, com muitas diferenças culturais e até
mesmo ideológicas. Nos encaixamos como dava e nos segurávamos como podíamos
para ficar juntos. Mas aquilo não era nada bom.
Anos de brigas e términos. Até que chegamos à conclusão que
relacionamentos eram assim mesmo. Que todo mundo briga. Afinal, nossos pais não
eram diferentes de nós. Mas será que precisávamos ser como nossos pais? Será
que ser infeliz faz parte da vida a dois? Era custoso aceitar. Mas aceitamos.
Nos casamos e decidimos que deveríamos ter um filho. Parei o anticoncepcional
na lua de mel...
Dois anos se passaram e veio o diagnóstico: Filho? Só com FIV e
olhe lá. As chances eram pequenas. A culpa era minha, dizia ele. E eu dizia que
a culpa era dele. Sabe do que mais? Chega. Acabou. Não tem mais jeito. A
infertilidade é um sinal: não devemos continuar juntos. Mas algo nos unia... não
aceitávamos nem continuar juntos e nem o fim de um relacionamento que tinha
tudo pra dar certo, mas que de algum jeito... não dava!
Última cartada: Terapia de casal. Psiquiatra. Medicação. Viagem.
Recomeçar do Zero.
Resultado: Acabamos conhecendo a nós mesmos e um ao outro. A
terapia nos fez enxergar o óbvio. Estava tudo ali, na nossa cara. O orgulho, a
mágoa, a falta de empatia um pelo outro. E claramente notamos que algo mudou.
Conseguíamos CONVERSAR ou DISCUTIR ao invés de BRIGAR e OFENDER. Passamos a ver
que um cuidava do outro, mas cada um com seu jeito. Passamos a aceitar os
defeitos do outro, mas valorizando as qualidades, as virtudes.
Com o relacionamento OK, decidimos voltar à FIV no início da
primavera. Nosso amor era tão forte, e descobrimos isso na situação mais dura
para os casais inférteis: encarar a sala de espera da clínica de infertilidade.
Nos sentíamos observados com olhares de pena pelas pessoas que passavam pela
porta de vidro da clínica. Mas a cada passo a esperança se renovava e nossa
realidade foi se enchendo de esperança e expectativa.
Todo processo de FIV tem suas dificuldades. Mas sentíamos amparo
um do outro. Quando um fraquejava o outro estava lá firme para ajudar, ao invés
de julgar. E quando os dois estavam em desespero, pelo menos existia companhia,
e não mais aquela solidão do negativo na pia do banheiro...
Veio o positivo e o mundo se transformou. Uma alegria imensa tomou
conta de nós. Tudo em volta brilhava. Nossos sonhos concretizou-se naquele
simples exame. Mas a rotina continua. Mas agora com certa preocupação que toda
gestação parece ter. São 9 meses de espera. Cada exame é uma ansiedade seguida
de alívio.
Me seguro para não gritar a cada vez que me irrito com algo
"Estou grávida gente! Por favor! Me respeitem!!!". As discussões da
rotina normal de uma casa, como "quem deixou isso aqui" continuam
normalmente. Não me poupo e nem me poupam de nada. Mas era isso o que eu
queria. Nunca fui a princesa da torre mais alta.
A gravidez não mudou nosso relacionamento em definitivo. Mas sinto
no ar que as coisas não estão normais. Ele me liga e pergunta como estou mais
frequentemente. Antes de dormir. Durante a noite. Ao acordar. Sempre
perguntando como estou me sentindo. Brincamos, sonhamos e vivemos juntos esta
expectativa de 9 meses.
Achou que depois do positivo tudo seria um mar de rosas? Eu não.
Eu já sabia e nem queria essa perfeição e esse cuidado todo que muitas mulheres
acham que merecem pelo fato de estarem grávidas. Discutir é saudável quando
resolve algum problema do cotidiano. Colocar seus limites e suas preocupações
com o outro é saudável. Mas não discutir nada com a sua esposa pois ela está
gravida não é muito correto. Vai deixar pra brigar com ela, jogar na cara dela
que aguentou tudo calado por que ela estava grávida... não vai ser uma boa
enquanto ela troca fraldas com aquelas olheiras enormes...
Agora aquela pergunta... se as coisas não acontecesse justamente
como aconteceram (brigas, idas e vindas, terapia, fiv, positivo), o
relacionamento teria sobrevivido ou mesmo existido? Com certeza não. Cada briga
foi um obstáculo que nos fez crescer e amadurecer nossos sentimentos. A terapia
nos ajudou a superar os obstáculos sem machucados e a entender que a vida tem vários
deles, portanto devemos nos preparar para encarar cada um da melhor maneira
possível. A FIV nos aproximou de Deus e um do outro, ainda mais. Nos fez ver
que a culpa não era de ninguém, e que as coisas tinham que ser assim. E o
positivo nos mostrou que estávamos certos em ouvir o coração e ficar juntos.
Mostrou que realmente a nossa vida pode ser mais feliz juntos do que separados
e que temos realmente tudo pra dar certo. Estamos nos sentindo completos,
felizes, ansiosos mas felizes.
Estamos nos preparando para os obstáculos que temos pela frente.
As noites em claro, as idas ao hospital, as fraldas, o leite e os choros.
Conversamos sobre o papel de cada um. Sobre como vamos encarar quando essas
coisas tomarem conta da nossa rotina e o que podemos fazer para encarar tudo
isso e poder aproveitar a parte boa: os colinhos, o cheirinho de bebê, os
sorrisinhos, os passeios em família (desta vez com 4 integrantes). Planejamos
reviver todos aqueles momentos em que dissemos "um dia vamos trazer nosso
bebê aqui". E desta vez dizer : "lembra como sonhávamos em trazer
nosso bebê aqui?!".
Gente. Desculpa o post gigantesco, mas espero que nessas linhas
vocês se identifiquem e vejam que a vida é assim mesmo.
Escrevo para por pra fora o que estou sentindo e registrar esse
meu momento tão especial.
Desejo a todos toda a felicidade que sentimos nesse momento e que
Deus abençoe a cada um.
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