Oi gente!
Hoje o assunto é meio cabuloso. Uma coisa que tem rondado minha
cabeça...
Ontem minha mãe me fez uma pergunta: "Estais tirando fotos da
barriga?" "Tem que tirar!!! Tem que aproveitar a gravidez!". Fui
logo me explicando pra ela.
Sabe o que é mãe... concordo com você. Mas quando tive certeza de
que estava grávida, coloquei o biquini toda contente, fui para a frente do
espelho e tirei várias fotos. Editei num aplicativo e escrevi "três
semanas". E aí, olhando aquela montagem com várias poses da minha barriga,
percebi que meu corpo todo estava inchado, minha barriga estava bem maior e em
um formato estranho.. não era nada bonito nem normal sabe... na hora pensei
"estou assim por conta da FIV" mas quem visse aquela foto me
julgaria, mesmo que silenciosamente. Me achariam "gorda". E o fato de
eu estar acima do meu peso sempre foi argumento para quem me culpava pela
infertilidade do casal.
Em seguida, com 9 semanas, tive aquele sangramento. O inchaço já
tinha diminuído. Mas tive medo de tirar aquelas fotos e depois chorar vendo
aquela barriguinha ínfima que não foi pra frente. Resolvi não tirar fotos.
Agora que estou com 4 meses de gestação, me olho no espelho e me
sinto linda. Mas ainda acho que minha barriga é maior do que deveria. Ainda me
sinto fora dos padrões. Isso é muita injustiça comigo mesma.
Essa semana vi fotos de uma colega que ganhou bebê essa semana.
Ela tirou uma foto por mês. Ficou linda a montagem. Eu instantaneamente percebi
que já não poderia fazer o mesmo. Culpa de quem? Minha mesmo. Eu mesma me
julguei por antecipação.
Talvez eu devesse ter tirado as fotos nem que fosse apenas para o
meu arquivo pessoal... mas a pessoa que mais falaria coisas horríveis a respeito
ainda estaria vendo aquelas fotos: EU MESMA.
Então... só de agora em diante vou tirar minhas fotos. E dane-se o
que eu mesma penso. Dane-se o que alguém possa por ventura falar. Não sei se
vou publicar as fotos, mas sei que devo isso a mim mesma.
Venho falar desse meu dilema aqui no intuito de mostrar pra vocês
que nem sempre nossos inimigos estão do lado de fora. Muitas vezes eles moram
aqui, dentro de nós. E talvez lendo esse meu relato você não caia nessa mesma
armadilha e fotografe sim a sua barriga, o seu rosto, a sua roupa, as suas
pernas...
Me considero uma mulher em transição entre as mulheres do passado,
que viviam presas nessa ditadura do corpo, sem nem ao menos questionar, e as
mulheres do futuro, que vivem em busca apenas da felicidade e da paz, sem
pensar em padrões. Eu me questiono, mas ainda tenho recaídas e prendo a mim
mesma nessas armadilhas padronizadoras e corpos.
Vamos aprender a nos amar e ser mais carinhosas consigo mesmas...
Neste momento penso que, quando olhar para aquela barriguinha de
"três semanas" vou lembrar daquela época como uma cicatriz. Está lá.
Doeu. Mas não dói mais. Aquela foto marca a fase que passou: a infertilidade, a
transformação no nosso relacionamento (que também é uma cicatriz) e tudo o que
veio no processo todo, como o medo, a esperança, a fé, as dores, as lágrimas e
os sonhos que tínhamos e agora realizamos dia a dia.
Espero ter a coragem de mostrar essa foto pra todo mundo e dizer:
eu mesma me julguei antes de pensar que precisou de muita coragem pra passar
por aquilo tudo. Esse é o meu troféu. Passei pela FIV e venci.
Um abraço, fiquem com Deus.
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