No último post (dia 05/04/2017) eu estava dando início a indução do parto.
Vamos do começo.
Neste dia, fizemos minha internação na maternidade Santa Helena para dar início ao processo todo. Fiz a internação por volta de 13 horas, e meu médico começou a administrar os comprimidos de Misoprostol por volta de 14 horas. Eles servem para afinar o colo do útero para que as contrações comecem. Após a aplicação do comprimido eu tinha que ficar por 1 hora deitada, somente do lado esquerdo, e depois devia caminhar pelo quarto ou pelo corredor. Continuei comendo e bebendo a vontade pois sabíamos que o processo seria longo. Começaram também a medir os batimentos cardíacos do bebê de hora em hora. Colocaram um acesso intravenoso no meu pulso (ai que dor) para administrar o antibiótico, pois meu exame de streptococos deu positivo.
E assim passamos o dia todo até as 21 horas, quando meu médico voltou para me ver. Ficamos em contato pelo whats, então ele sabia que não haviam novidades...
Ele chegou, me examinou, e como eu continuava sem sentir cólica e nem contração forte ele deu duas opções: continuar madrugada a dentro e talvez pela manhã aplicar ocitocina, o que faria com que o Lucas nascesse no final da tarde do dia 6; ou para com a indução, dormir, descansar e recomeçar pela manhã. Aceitamos a segunda opção.
Passamos a madrugada toda com as enfermeiras entrando para medir minha pressão, trocar o soro, ver os batimentos cardíacos do Lucas... então não deu pra descansar muito.
O primeiro comprimido de misoprostol do dia estava prescrito para as 6 horas da manhã. E assim fomos até as 16 horas do dia 6.
No dia 6, percebi que meu marido, que ficou ao meu lado o tempo todo no quarto, estava muito ansioso e cansado, então chamei minha mãe e mandei ele pra casa tomar banho, dormir um pouco e tomar um chimarrão com os pais dele que estavam na cidade para o nascimento do neto.
Minha mãe chegou e ficamos conversando das 13 até as 16, quando meu marido e o médico chegaram... foram 3 horas... eu fiquei todo esse tempo em pé, balançando, como se estivesse embalando o bebê, rebolando às vezes pra ajudar na dilatação do colo...
Quando o médico chegou meu soro tinha acabado e eu nem percebi. E estava com uma cólica bem forte!!!!! Minha mãe tinha perguntado o que eu estava sentindo, e eu falei que estava com cólica. Ficamos animadas, mas ainda achando que poderia não significar nada... eu já estava ficando com medo de a indução não dar certo e eu ter que fazer cesariana.
Minha mãe foi embora, rezando. Meu médico me examinou e eu tinha dilatado apenas dois centímetros... fiquei triste, mas ele não me pareceu desanimado. Ele suspendeu os comprimidos de misoprostol e me mandou caminhar bastante.
Combinamos que se até as 18 horas eu não tivesse pelo menos 5 centímetros de dilatação nós desistiríamos. As 18 ele saia do consultório e poderia ficar ao meu lado integralmente. Se eu dilatasse bem ele aplicaria ocitocina e continuaríamos com a indução.
As 18 ele me examinou e graças a Deus eu estava com 4 de dilatação e com contrações bem fortes. Também! Quando suspenderam os comprimidos eu não me deitei mais... caminhei por tudo, e no quarto balançava e rebolava de um lado pro outro... mesmo com a cólica e as contrações começando.
Quando ele mediu a dilatação durante uma contração, percebeu que meu colo cedia bastante com a contração. Na verdade, meu colo era bem espesso, mas cedia bem. Eu estava com 5 de dilatação!!!!
Começamos a ocitocina e uma hora depois eu já tinha contrações muito fortes e ritmadas. Fique sentada na bola de pilates debaixo do chuveiro, com a água caindo nas minhas costas.
Meu médico se abaixava na minha frente e media os batimentos do bebê. Tudo ok. De vez em quanto pedia pra eu deitar na cama e medir a dilatação, que foi evoluindo bastante. Mas quando eu deitava o batimento do bebê baixava muito... eu me desesperei e disse que não queria mais tentar. Não pela dor que estava sentindo, eu comemorava cada contração... eu não queria que o Lucas sofresse.
Meu médico viu que as coisas estavam evoluindo bem e me aconselhou a continuar. Disse pra eu confiar nele, e que ele sabia o que fazer.
Nessa hora eu e meu marido lembramos de avisar pra ele sobre o cordão umbilical, que estava passando na nuca do Lucas. Aí tudo fez sentido. Quando eu deitava o cordão ficava comprimido, fazendo com que o fluxo de sangue baixasse assim como os batimentos dele. Portanto a melhor posição que eu poderia ficar era em pé ou sentada. Continuei na bola enquanto meu médico saiu pra fazer um lanche e ir ao banheiro, pois tinha atendido e feito cirurgias o dia todo, coitado!
Comecei a entrar em um transe. Uma irritação toma conta de mim quando estou com muita dor, e ao mesmo tempo fico carente e chorona. Eu estava muito determinada, respirava direitinho quando vinha uma contração, me mexia na bola de um lado pro outro... meu marido o tempo todo do meu lado.
Quando o médico voltou, uma meia hora depois, pra mim parecia que tinha ficado o dia inteiro longe, eu estava brava com ele (kkkkkkkkkkkk) continuei na bola enquanto ele e meu marido conversavam sobre a profissão, a faculdade, os congressos, pacientes, convênios, clinicas ahhhhh fui ficando irritada!! Parecia que tinham esquecido de mim. Eu gritava do banheiro que estava tendo uma contração e eles só acenavam com a cabeça e continuavam a rir e conversar!!!! Imagina como fiquei doida. Pedi pro meu marido colocar música na tv e pelo menos o assunto deles mudou!!! kkkkkk
Deitei uma última vez para ver a dilatação. Eram 21 horas, eu estava com 8 de dilatação, 9 durante a contração. Pedi pra descansar um pouco na cama, pois estava com frio no banheiro... nisso minha bolsa estourou. Meu médico sugeriu que eu ficasse num banquinho... eu em meio ao meu transe de dor aceitei conhecer o tal banquinho. Vou ver se acho uma foto.
Aceitei sentar nele,levantei da cama e aquela água toda da bolsa escorreu pelas minhas pernas, e o chão do quarto ficou bem sujo. Com ajuda para me abaixar sentei no banquinho, pois ele é bem baixinho mesmo. Você fica com os joelhos flexionados quase na altura do peito quando senta nele. Depois de uns 10 minutos sentada nele, quando vinha a contração eu não conseguia respirar. O médico mediu os batimentos do Lucas e estava tudo bem, mesmo sem eu respirar... Ele sentou na minha frente, com as pernas dobradas e com a luva monitorava a abertura vaginal... meu bebê se encaixou rapidamente. O médico me autorizou a fazer força se sentisse vontade. Então comecei a cada contração a empurrar. Como era meu segundo parto, eu sabia exatamente o que fazer: força como se fosse defecar kkkk. O médico percebeu que eu estava empurrando bem, juntando uma contração na outra... mediu a dilatação e se apressou!!! Mandou prepararem o centro cirúrgico pois estávamos descendo. Eu fui caminhando por um corredor até o elevador. Quando tinha uma contração não conseguia caminhar. Parava e respirava fundo com medo de ganhar o bebê ali mesmo kkkkk. Até briguei com a enfermeira que me ajudou com o soro, pois queria parar e ela queria continuar kkkk. Nessa hora meu marido desceu correndo as escadas com o médico para trocar de roupa. Eles estavam com muita pressa... o bebê estava nascendo!!!
Cheguei no centro cirúrgico e me deitaram na maca. A enfermeira foi me orientando a fazer força. Quando o médico chegou com meu marido, agora devidamente vestidos (só que não, meu marido nem tirou a roupa que estava, colocou aquele pijama de hospital por cima da roupa mesmo, pois não dava tempo), viu que a situação havia regredido um pouco. O bebê voltou um pouco e os batimentos caíram... chorei largado... queria desistir pra não fazer meu bebê sofrer...
Ele só me disse pra ficar calma e levantar, me segurar no meu marido e respirar um pouco, sem fazer força. Ele pediu pra enfermeira trazer o banquinho. Eu já nem entendia mais nada, só soluçava e chorava, de felicidade e de medo de não conseguir. Eu e meu marido nos olhávamos nos olhos... eu disse: teu bebê vai nascer meu amor.
O banquinho chegou, me ajudaram a sentar. Meu marido puxou a escada da maca e sentou atrás de mim. Ele segurava meus braços e me ajudava a me inclinar pra frente quando vinha uma contração, e eu deitava com as costas no colo dele quando a contração passava. O médico estendeu um lençol no chão na minha frente, e ele e a enfermeira se sentaram para monitorar a abertura da vagina. A enfermeira me ajudava a erguer uma das pernas quando vinha a contração. No final meu medico estava deitado na minha frente, ajudando a cabeça do bebê a passar pela vagina. Mais umas 5 contrações ele disse... eu não aguentaria... simplesmente na contração seguinte eu fiz força e não parei mais... não parei mais de fazer força... veio outra contração e eu não parei. O Lucas nasceu! Isso mesmo, eu não esperava, mas tive um parto de cócoras!! kkkkkk
Colocaram ele nos meus braços.
Ele parecia uma bolinha, todo encolhidinho, escorregadio... abracei ele. Ele não chorou. Meu médico cortou o cordão e passou ele pro pediatra. Ele começou a chorar fraquinho, esfregaram, viraram de cabeça pra baixo, mexeram de tudo que foi jeito até que finalmente ele chorou forte! Que desespero. Tirou nota 7 e depois 10 no apgar! Que susto!
Enquanto isso meu obstetra retirou a placenta e em seguida me deitou na maca para fazer alguns pontinho (apenas 5) que foram necessários devido a laceração. Realmente se tivesse feito episiotomia seriam bem mais pontos.
Tudo certo, fui para uma sala de recuperação com meu bebê nos braços. Ele pegou o seio lá mesmo, e mamou o primeiro colostro. O papai foi pro quarto, chamar alguém pra limpar e trocar a roupa de cama, pois eu tinha sujado tudo com minha bolsa estourada kkkk
Quando subi pro quarto, uma enfermeira levou ele e a primeira roupinha. O banho seria somente no dia seguinte, mas já vestiram ele, pobrezinho.
Me serviram uma sopa de janta (uma delícia), então eu e meu marido jantamos. Quando ele voltou ficamos os dois apaixonados olhando pra ele por pelo menos uma hora, quando uma enfermeira veio medir nossos sinais vitais, e me ajudar a tomar banho.
Ficamos somente 2 dias na maternidade. Tudo correu super bem. Ele já saiu de lá vacinado e saudável.
Fomos pra casa felizes e muito gratos a Deus por esse milagre. Tudo saiu exatamente como eu queria.
Não me senti mal em momento algum. A dor faz parte, mas a recompensa, meu filho lindo, valeu muito. Além de poder me levantar normalmente, cuidar dele, me cuidar sozinha, sem precisar de ninguém... foi maravilhoso.
Minha filha e meu marido têm me ajudado muito. Me sinto muito bem e meu bebê é um anjinho!!!!
Desejo a todas vocês que acompanham o blog e que fazem ou que fizeram tratamento, que tenham seus positivos e que tenham seu parto do jeito mais seguro, ético e humano possível, assim como foi o meu. E que tenham bebês saudáveis e lindos como o meu!!!
Um abraço enorme e fiquem com Deus!
