Bom dia...
Ontem anoite li no grupo de Fertilização in Vitro do Facebook que
participo, um post carregado de preocupação. Uma mulher trabalhadora que está
se sentindo mal por ter de se ausentar do trabalho para exames, procedimentos e
pelas intercorrências que estes procedimentos normalmente causam.
Mesmo apresentando atestado médico, fica complicado explicar. As
pessoas perguntam se você está doentes, pois tem estado ausente no ambiente de
trabalho, e algumas tem receio de contar que estão fazendo fertilização in
vitro por imaginar o preconceito que vão enfrentar.
Fiquei mais triste e pensativa ainda quando li os comentários das
outras participantes, dizendo que passam pelo mesmo problema...
Vou falar então da minha experiência.
Sou funcionária pública, porém ainda estou em estágio probatório,
ou seja, passo por avaliação a cada 6 meses, para comprovar que estou apta a
continuar em meu cargo. Após três anos de trabalho passo a ter estabilidade.
Neste período, faltas e ocorrências podem me prejudicar nessa avaliação. Então
criei estratégias para não faltar ao trabalho, a não ser em casos de extrema necessidade,
e tentei colaborar de casa por e-mail, telefone e whatsapp em dias em que
estava de repouso. Isso era necessário? Não! Eu não poderia simplesmente ter
apresentado o atestado médico e descansado? Sim. Não era necessário que eu
cumprisse horas pois me ausentei por duas horas para fazer um exame, ou que
trabalhasse de casa pois estava de repouso por conta da punção ovariana. A lei
é clara e nos protege.
Uma coisa tem que ficar bem clara... você está fazendo um
tratamento de saúde contra a INFERTILIDADE!!! Ter filhos é uma das necessidades
do ser humano. Alguns não sentem essa necessidade, o que é também normal. Mas
na minha opinião, a infertilidade causa outros problemas além de não conseguir
ter filhos. Seu psicológico também fica afetado. No meu caso, ainda sofro com
alterações hormonais dos ovários policísticos. Minha menstruação é irregular e
tenho fortes cólicas neste período em que não tomo anticoncepcional. E esses
problemas decorrentes da infertilidade podem até influenciar no seu rendimento.
Então, por que não "curar" essa infertilidade? Resolver esse assunto,
fazer um tratamento e em poucos meses voltar a render como sempre?
Eu não aguentei esconder de todo mundo o meu tratamento. Fiz o
blog. Contei pros meus pais. Contamos para os meu sogros e cunhados. Alguns
amigos que perguntavam foram sendo informados, e no trabalho resolvi que não
precisava esconder de ninguém. Ninguém mesmo.
Ouvi muitas pessoas me dizendo pra pensar melhor. Perguntando por
que não adotamos!
Notei que o atestado que meus médicos me davam não tinha o nome
"Fecondare" no topo, possivelmente por que não querem expor seus
pacientes a esse tipo de situação no trabalho. A clínica é muito conhecida na
cidade e faz exclusivamente tratamentos para infertilidade.
Fora o problema sério do preconceito com o tratamento de
infertilidade, tem o preconceito com a mulher trabalhadora grávida ou em
licença maternidade. Existem ambientes de trabalho que mimam as grávidas,
colegas que trazem guloseimas, chefes que liberam mais cedo ou trocam a estação
de trabalho para garantir conforto e saúde às suas colaboradoras gestantes. Mas
existem também chefias grosseiras, que não entendem seu estado emocional
sensível, suas dores nos pés e nas costas, o inchaço, o sono, a fome. Quando a
gravidez se dá de forma natural, questionam "por que você não se
cuidou?" "se tivesse usado camisinha não estaria nessa situação"
ou ainda "você que procurou isso, agora aguenta!". E se sabem
que você fez fertilização então... nem se fala... Isso é assédio moral!
Existem leis que proíbem essa pratica nas empresas, e com base nessas leis você
pode tomar as providências que achar necessário.
Quanto ao retorno da licença maternidade, outro período de
readaptação às rotinas de trabalho, algumas ausências pela adaptação do bebê na
escola ou com a babá, doenças normais de recém nascidos, consultas, vacinas,
amamentação, depressão pós-parto... são tantas coisas que podem atrapalhar no
retorno ao trabalho que ficamos mesmo com medo. Mas tudo isso é uma
fase... temos que enfrentar de cabeça erguida, buscar apoio onde der, em casa
com a família. Mas nunca desistir, nem do sonho de ser mãe e nem da sua
carreira profissional.
Se no seu caso, você considerar que deve escolher entre uma e
outra, isso também é uma escolha sua e ninguém tem o direito de te julgar. Siga
em frente e siga o que seu coração diz. Tenha certeza que tudo tem seu tempo.
Os filhos crescem e vão tomando independência, e sempre é tempo de retornar ao
mercado de trabalho, aos estudos e a qualquer atividade a qual você queira se
dedicar.
A minha posição é a seguinte: vamos enfrentar. Nós estamos no
nosso direito de ser mães. Como trabalhadoras temos direito a nos ausentar por
motivo de saúde e apresentando atestado médico não há nada que possa nos
prejudicar.
Se você acha que pode ser demitida por estar ausente, e ainda por
saberem que está na eminencia de ficar grávida, então não conte! Se preserve. E
quando estiver grávida, você não pode ser demitida, segundo a lei. Eu teria que
me informar, mas talvez um advogado trabalhista possa entrar com uma ação
contra um patrão que demite por conta da funcionária estar em tratamento para
engravidar. Você pode procurar alguém do seu sindicato e se informe.
Não vamos deixa de realizar nosso sonho por medo do preconceito
dos outros. Devemos sim fazer o possível para manter nossos trabalhos, mas
sempre lutando pelos nossos direitos.
Se você está passando por isso deixe sua opinião nos comentários.
Vamos juntas nos apoiar e fazer com que o brilho do nosso sonho de ser mãe não
seja ofuscado por questões como esta.
Um abraço! Fiquem com Deus.
Boa tarde!
ResponderExcluirMe identifiquei muito com seu relato. Vou fazer a transferência de embriões no início de maio, e gostaria de descansar até o dia do beta. Sou servidora pública a 6 anos, e estou com receio de apresentar atestado médico, pois, acabei de ficar 15 dias de atestado por uma cirurgia de varizes. Então, tenho receio do médico da perícia contestar o atestado.
Oi querida. Desculpa a demora pra responder. Olha, repouso pós transferência é muito relativo. Meu médico mandou só evitar esforços, mas trabalhar pegando leve até ajuda a diminuir a ansiedade. Se eu fosse vc pegava no máximo uma semana. Se a perícia contestar paciência. Não vai alterar o resultado. Quanto ao seu atestado anterior acredito que não tem problema tbm.
ExcluirFique tranquila e priorize a sua saúde e o tto, que é caro, dolorido e sofrido... vamos evitar stress pra evitar ter que repetir.
Bjux fique com Deus