segunda-feira, 7 de novembro de 2016

FIV - TRABALHO - PRECONCEITO - A vida de uma mulher trabalhadora e seu sonho de ter um filho. – Publicado em 16/06/2016



Bom dia...
Ontem anoite li no grupo de Fertilização in Vitro do Facebook que participo, um post carregado de preocupação. Uma mulher trabalhadora que está se sentindo mal por ter de se ausentar do trabalho para exames, procedimentos e pelas intercorrências que estes procedimentos normalmente causam.
Mesmo apresentando atestado médico, fica complicado explicar. As pessoas perguntam se você está doentes, pois tem estado ausente no ambiente de trabalho, e algumas tem receio de contar que estão fazendo fertilização in vitro por imaginar o preconceito que vão enfrentar.
Fiquei mais triste e pensativa ainda quando li os comentários das outras participantes, dizendo que passam pelo mesmo problema...
Vou falar então da minha experiência.
Sou funcionária pública, porém ainda estou em estágio probatório, ou seja, passo por avaliação a cada 6 meses, para comprovar que estou apta a continuar em meu cargo. Após três anos de trabalho passo a ter estabilidade. Neste período, faltas e ocorrências podem me prejudicar nessa avaliação. Então criei estratégias para não faltar ao trabalho, a não ser em casos de extrema necessidade, e tentei colaborar de casa por e-mail, telefone e whatsapp em dias em que estava de repouso. Isso era necessário? Não! Eu não poderia simplesmente ter apresentado o atestado médico e descansado? Sim. Não era necessário que eu cumprisse horas pois me ausentei por duas horas para fazer um exame, ou que trabalhasse de casa pois estava de repouso por conta da punção ovariana. A lei é clara e nos protege.

Uma coisa tem que ficar bem clara... você está fazendo um tratamento de saúde contra a INFERTILIDADE!!! Ter filhos é uma das necessidades do ser humano. Alguns não sentem essa necessidade, o que é também normal. Mas na minha opinião, a infertilidade causa outros problemas além de não conseguir ter filhos. Seu psicológico também fica afetado. No meu caso, ainda sofro com alterações hormonais dos ovários policísticos. Minha menstruação é irregular e tenho fortes cólicas neste período em que não tomo anticoncepcional. E esses problemas decorrentes da infertilidade podem até influenciar no seu rendimento. Então, por que não "curar" essa infertilidade? Resolver esse assunto, fazer um tratamento e em poucos meses voltar a render como sempre?
Eu não aguentei esconder de todo mundo o meu tratamento. Fiz o blog. Contei pros meus pais. Contamos para os meu sogros e cunhados. Alguns amigos que perguntavam foram sendo informados, e no trabalho resolvi que não precisava esconder de ninguém. Ninguém mesmo.
Ouvi muitas pessoas me dizendo pra pensar melhor. Perguntando por que não adotamos!
Notei que o atestado que meus médicos me davam não tinha o nome "Fecondare" no topo, possivelmente por que não querem expor seus pacientes a esse tipo de situação no trabalho. A clínica é muito conhecida na cidade e faz exclusivamente tratamentos para infertilidade.
Fora o problema sério do preconceito com o tratamento de infertilidade, tem o preconceito com a mulher trabalhadora grávida ou em licença maternidade. Existem ambientes de trabalho que mimam as grávidas, colegas que trazem guloseimas, chefes que liberam mais cedo ou trocam a estação de trabalho para garantir conforto e saúde às suas colaboradoras gestantes. Mas existem também chefias grosseiras, que não entendem seu estado emocional sensível, suas dores nos pés e nas costas, o inchaço, o sono, a fome. Quando a gravidez se dá de forma natural, questionam "por que você não se cuidou?" "se tivesse usado camisinha não estaria nessa situação" ou ainda "você que procurou isso, agora aguenta!".  E se sabem que você fez fertilização então... nem se fala...  Isso é assédio moral! Existem leis que proíbem essa pratica nas empresas, e com base nessas leis você pode tomar as providências que achar necessário.
Quanto ao retorno da licença maternidade, outro período de readaptação às rotinas de trabalho, algumas ausências pela adaptação do bebê na escola ou com a babá, doenças normais de recém nascidos, consultas, vacinas, amamentação, depressão pós-parto... são tantas coisas que podem atrapalhar no retorno ao trabalho que ficamos mesmo com medo. Mas  tudo isso é uma fase... temos que enfrentar de cabeça erguida, buscar apoio onde der, em casa com a família. Mas nunca desistir, nem do sonho de ser mãe e nem da sua carreira profissional.
Se no seu caso, você considerar que deve escolher entre uma e outra, isso também é uma escolha sua e ninguém tem o direito de te julgar. Siga em frente e siga o que seu coração diz. Tenha certeza que tudo tem seu tempo. Os filhos crescem e vão tomando independência, e sempre é tempo de retornar ao mercado de trabalho, aos estudos e a qualquer atividade a qual você queira se dedicar.
A minha posição é a seguinte: vamos enfrentar. Nós estamos no nosso direito de ser mães. Como trabalhadoras temos direito a nos ausentar por motivo de saúde e apresentando atestado médico não há nada que possa nos prejudicar.
Se você acha que pode ser demitida por estar ausente, e ainda por saberem que está na eminencia de ficar grávida, então não conte! Se preserve. E quando estiver grávida, você não pode ser demitida, segundo a lei. Eu teria que me informar, mas talvez um advogado trabalhista possa entrar com uma ação contra um patrão que demite por conta da funcionária estar em tratamento para engravidar. Você pode procurar alguém do seu sindicato e se informe.
Não vamos deixa de realizar nosso sonho por medo do preconceito dos outros. Devemos sim fazer o possível para manter nossos trabalhos, mas sempre lutando pelos nossos direitos.
Se você está passando por isso deixe sua opinião nos comentários. Vamos juntas nos apoiar e fazer com que o brilho do nosso sonho de ser mãe não seja ofuscado por questões como esta.

Um abraço! Fiquem com Deus.


2 comentários:

  1. Boa tarde!
    Me identifiquei muito com seu relato. Vou fazer a transferência de embriões no início de maio, e gostaria de descansar até o dia do beta. Sou servidora pública a 6 anos, e estou com receio de apresentar atestado médico, pois, acabei de ficar 15 dias de atestado por uma cirurgia de varizes. Então, tenho receio do médico da perícia contestar o atestado.

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    1. Oi querida. Desculpa a demora pra responder. Olha, repouso pós transferência é muito relativo. Meu médico mandou só evitar esforços, mas trabalhar pegando leve até ajuda a diminuir a ansiedade. Se eu fosse vc pegava no máximo uma semana. Se a perícia contestar paciência. Não vai alterar o resultado. Quanto ao seu atestado anterior acredito que não tem problema tbm.
      Fique tranquila e priorize a sua saúde e o tto, que é caro, dolorido e sofrido... vamos evitar stress pra evitar ter que repetir.

      Bjux fique com Deus

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